IMPREGNADO DE SÃO PAULO
Estou impregnado de prédios e fumaça
Meu esqueleto é de ferro e ferrugem
Por fora sou só pele, paletó, maquiagem
Os pardais conversam com os fios
Nos rios não nadamos mais
Estou cheio de Adonirans Barbosas
Vazando poemas pelos poros
Bares com bancos redondos de balcão
Sentem a falta dos seus poemas
Da voz rouca, cigarro e cerveja...
Luzes de autos escrevem ruas paradas
com seus brilhos vermelhos
E a lua se ausenta na fuligem
Iracema já não teima mais na contramão
A Cidade sente e mata saudades nas canções.