Não Matem a Nossa Língua

Não matem a nossa língua!!!!

Não matem a nossa língua, linguistas!

Não matem a nossa língua, por favor!

Não matem a nossa língua, acadêmicos!

Não matem a nossa língua, pelo amor!

A norma padrão tem, SIM, a sua função!

Tem o seu papel no mundo, sua contribuição!

Asilo é com S e não com Z, por favor!

E criança é com Ç e não S, pelo amor!

Então parem com as ideias, parem com isso!

Vocês estão mexendo em pilar de monumento!

As crianças aprenderão a escrever, não são burras!

Aprenderão como aprendemos nós, eu e vocês!

Linguistas, linguistas, linguistas, pelo amor!!

Não toquem no vespeiro, não perturbem o gigante!!

Nós já falamos como falamos, seres loucos!

E não precisamos que nos mostre como!!

Condenar a normativa, céus, para quê?

Evitar preconceito linguístico? Sério? Por quê?

A língua já é língua e é língua por aprendermos a língua,

Deixe as mutações para a vida, para a linguística,

Mas não para as escolas. Por favor, não para as escolas.

As nossas crianças saberão entender

Um texto formal e saberão dizer

Que aquilo é formal, que é diferente do informal,

Não precisamos passar a mão na cabeça delas,

"Fique calma, menina, fale como quer, deveras."

Não, por favor, linguista maluco,

Purismo não é idiotismo. Purismo é purismo.

Nos dizer que é aceitável falar besterias na escola?

Dizer que não importamo-nos com erros desse escalão?

Na vida é uma coisa, deixo a vida em paz,

Mas os documentos, pelo amor, os documentos, não!

A escola, não!

O ensino, não!

Já estamos ruins, não nos faça piorar!

A língua sempre muda, não precisamos a empurrar.

Por favor, linguistas, por favor, pelo amor,

Não matem a nossa língua. Tudo menos a nossa língua.

A nossa flor-de-lis, o nosso patrimônio,

O nosso luto e a nossa euforia.

A língua é tudo, é o nome e a conotação,

Envida a nossa vida à vida!

Deixe as escolas estarem como elas estão,

Deixe os nossos alunos saberem o que precisarão,

Deixe, deixe estar, deixe estar, por favor,

Eu sei, meus senhores, eu sei das controvérsias,

Mas e daí? Digam-me, e daí?

O que acontecerá? Que sucederá?

Deixe a língua como está, deixe o sistema andar.

A arte, a crítica, reserve-as para a literatura,

Não ensinem que o inseto pode fazer picada e picadura.

Não ensinem que porém pode ser mais, por favor, não ensinem.

As crianças não são burras,

As crianças não são fracas como dizemos,

Elas vão aprender assim como você e eu aprendemos.

Ensine que as regrinhas vão além do alfabeto,

Não fassam as coisas comessarem a se estragar,

O mundo assim num ia consegui aguentá muito,

As pessoa lógo lógo iam se perde na ora de falá.

Ia chega num ponto em que le ia se dificil e incomprensivel e os poema ia ficar esquisito nossa linha de raciocinio ia fica esquisita agente ia se perde nas palavra nao ia se capais de pensa primeiro os mais pobre depois os mais rico e ai pra aprende outra lingua ia se mais ferrado ainda as criansa e us adulto ia fala igual senpri piorando e piorando e piorano e pirano.

Linguistas, atenção, não matem a nossa língua.

As crianças aguentam o tranco de aprender a norma padrão.

Não sejam a pedra no caminho, linguistas.

Não sejam linguistas a pedra, por favor.

Não sejam a pedra no caminho, linguistas.

A língua é língua.

A escrita é escrita.

O português é português.

O galego é galego.

O latim é latim.

A gramática é gramática.

E a vida é a vida.

Vocês são vocês

E não querem matar a nossa língua.

10/3/2016