SOMBRAS - CAIS
Sombras tímidas e assustadas
Refletem na noite sem luar
Desfilam por essas quebradas
Ocultas na penumbra a vagar
Esperam quem sabe a esperança
Talvez a volta de um amor
Buscam onde a vista alcança
Conforto para cada dor
Molhadas pela garoa fina
Escorregando pela face
Tristeza que não termina
No aguardo de quem as abrace
Apenas fingissem as amasse
Em momentânea ilusão
As solidões lhes apagasse
Breve aquecer ao coração
Zanzando, a fio, todos os dias
Invisíveis à falta de maior atenção
Dores perpétuas de vidas vazias
Passos lentos, infinita procissão
Seguem ao sol morrendo de frio
Imaginam-se à beira do cais
Esperando ancorar um navio
Que lhes trouxesse a paz