Punctum Caecum

Da voz que eu calo às lagrimas que não rolam.

Do medo domado à ferida que não sangra.

Do fogo que não arde à maré estática.

Da dor contida ao amor que não é vivido.

De todos os perdidos ao edifícil abandonado.

Do orfão de lar à casa sem herdeiros.

Por tudo que é verdadeiro.

Da flor que não brota à semente no asfalto.

Do peito que arde à calma que invade.

Do não saber ao querer.

De toda distância à mais nobre esperança.

Pela infância e inoscencia.

Pela ciência.

O amor se provou nada disso.

Que me impede de buscá-lo

Onde ainda não há calo?

Que me impede de vivê-lo

Se a tormenta me faz vê-lo?

Se atormenta e dá medo

Mas acalma e preenche o vazio.

Cozeria-o a fio de azeite

Ou comeria-o crú?

Tornar-me-hei ao ponto cego

Sem esquecer da tragédia vivida

Pois aprendo com meus erros

E parto à uma nova vida.