A ESTROFE FÊMEA - DILACERA-ME

A ESTROFE FÊMEA-

DILACERAS-ME

Ensaios de cigarros

trocando de dedos

viajavam na música

um jazz gravado

que repetia tranquilo

ninguém na sala

ninguém no quarto

alguém por sobre

roupas jogadas no chão

seminua

contava segredos de batom

sobre o espelho

do roupeiro sentinela

aberto aguardando

seu personagem

desafiar a morte

por uma noite que seja

entrar lá dentro

sair por outro túnel

de tempo

vivendo de novo

pra sonhar de madrugada

coisas atiradas

como corpos retalhados

depois dos arcos passados

sobre luzes clamando

pelo espírito sair

voar se entregar

dormir amando

pernas pro alto

mal vestido parece

cobrindo ventre

num umbigo tatuado

roseado de lábios

um sábio na frase inquieta

destoa sua face

“entretanto era profundo

o quanto ele deseja amar

aquela forma de vida

corrupta...

...lady passeava no caminho

de estrada que levava

ao campo onde pastam

bichos”

ela também estava

num campo sem mato

de selva por calor

palavras do corpo

que ainda suspira pelo

outro

que não esse outro

que logo chega

acostumado com

temperos famintos no ar

o intimo que ele

aguarda e beija

essa mulher sufocada

de anseios e volúpia

do mesmo que agora

anseios por culpa

diz segundo seus olhos

temos convites p’ra jantar!

diz segundo seus olhos

depois podemos ver luar

que nem a percebe

no clima que bebe

de longe uma vitrine

espelhada...