cenário vinte e cinco

essa série de cenários, minha trajetória de vida, procura mostrar exatamente isso: Minha trajetória. espero tenha sido compreendido. um abraço de gratidão a todos os companheiros dessa lavra, poesia.

sergiodonadio.blogspot.com

editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle(EEUU) Perse

e Clube de Autores

Sergio Donadio

15 h ·

Cenário vinte e cinco

No meio dessa mata,

Por todos os entardeceres

Venham falar dessas virgens

Quarentonas, centenárias,

Lembrar quinzanos da fulaninha,

Saber das coisas aos poucos,

Mentir das horas contadas

Num velho relógio cuco

Que não tem a dizer mais nada.

Venham contar os seus medos,

Suas pedradas,

Que vou ter por desabafo

Saber que nesse cagaço

Não sou único, sofrido, lesado,

Ver em vossas testas sofridas

Mais lembrança que feridas...

Na vossa fala tremida

Não mais as lisonjas baratas

Mas as bolinações vividas.

Venham contar esses podres

Que completam nossas vidas.

Cenário vinte e seis

Compadres das dores sofridas,

Venham contar em gestos

A outra versão de suas vidas

Que quero ter por guarida

Os sonhos, não pesadelos,

Das pastarias cercadas,

Voejando pelas campinas

Comendo onde se comia

Vendo findar outras tardes...

Venham comparar as dores

Às dores comparativas...

Lembro da velha égua,

De sua hora de partida,

De como era o engenho,

De como era a lida...

De como fácil a corrida.

Venham, compadres,

Que eu não esteja só

Nessa varanda vivida

Vendo o frio entardecer

Penosamente os sinos

Da hora da Ave-Maria.

Cenário final

Amanhã será novo dia,

Quem sabe a tarde seja ainda

Uma manhã nevoenta, quando vier...

Quem sabe esteja morna, quando vier.

Penso nas frases soltas que reservo

Para quando a tarde vier.

O dia nascerá da penumbra

Nesse canto vespertino,

À espera das sombras levantarem-se,

Das fontes límpidas retornarem

Aos sentimentos criança...

Das coisas úteis, esquecidas na lida,

Como a paz de viver de eu menino,

Frente à infantilidade do adulto...

Quem sabe, as fulaninhas,

Quem sabe as águas das fontes,

As cercas derrubadas...

As pedradas... Ah, as pedradas...

Indo embora na fumaça do perdão

Enfim chegado, entendido ser,

Posto à mão conhecer

De eu menino crescer.

Cenário em festa

Distribuo sorrisos,

Não me vejo otário,

Não vivo o paraíso do inocente

Nem o inferno do descrente...

Reflito sobre cada ato falho,

Respondo cada um premente...

Aqui me calo novamente

Frente à veracidade desse atalho:

Não somos planta pronta,

Somos sementes...

Amanhã será novo dia!

Quem sabe possa ainda sorrir

Essa alegria de somar dados

E dar conta do fiz de errado...

Sorrir talvez da própria alegria

Da malícia de parecer otário

Na vivência que te faz a mim

Parecer idílico... Ovário

Desse próximo grito: Estou vivo!

Mesmo calado.

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 05/03/2016
Código do texto: T5564152
Classificação de conteúdo: seguro