Eu te tomo
Escondida de ti mesma
Tu me provocas
Enroscada numa incisiva malícia
No mistério que te esconde
Eu sonho fremindo em taças de desejos
Para fazer durar essa eternidade
Desenho tua imagem sombreada
Úmida de flor
Volúvel e sofrida na tua afoiteza
Lavando teus cabelos
Em movimentos lentos e obscenos
Misturo-me em ti
E degusto gota a gota
Desse orgasmo virginal
Nesse desespero de fêmea
Tu não te revelas a mim
Cerro a porta de uma tola embriaguez e
Entrego-me a um desamparo fatal
Desta tua sensualidade louca
Sem nenhuma maldade
Contestar-me... Tomar-me o fôlego...
Adormecer não despertar em ti
Sufocado volto a começar
Por um tropel de desejos
E tu segues sendo
Essa imagem louca e santa
Rica de abstratos temores
Que não cabem dentro de mim.