RENUNCIA
RENUNCIA
Somos cegos diante dos fatos que permeiam nossa vida, estamos a palmilhar entre tantas outras pessoas que como nós buscam uma luz que lhe indique e lhe dê segurança por onde caminhar. Nos apoiamos no primeiro que aparece perto de nós, sem nos preocuparmos que como nós ele também pode estar tão perdido ,só que não percebemos pois estamos cegos.
Só temos certeza daquilo que já fizemos, mesmo em nossa trajetória o presente é uma tremenda fonte de insegurança. Como gostaríamos de dar o passo certo, sem ter que olhar as pedras dispostas em nossa caminhada e não se importar com as quedas que por ventura venhamos a ter.
Todos os dias ao colocarmos nossa cabeça em nosso travesseiro reunimos um sem número de pedras e as colocamos dispostas em nossas edificações. Mas como castelos de areia a noite com seu manto negro as derruba, assim como as ondas varrem as frases escritas na areia da praia. Sem termos coragem de buscar ou lutar pelo que queremos e acreditamos, estamos sempre a esperar que apareça um mago e com sua varinha de condão toque em nossa vida transformando uma abóbora em uma carruagem e os ratos em corcéis fulgurantes. Desta carruagem dificilmente descerá alguém com seus sapatos de cristal. Não há baile, não há festa, não há nenhuma princesa e sim uma realidade que faz nos deparamos com nossa madrasta que com sua vassoura em punho nos ordena a varrer nossos sonhos por debaixo de nossa incapacidade sem precisar esperar as doze badaladas e ter que acordar.
Mas a vida é uma eterna busca , não sabemos se iremos encontrar, nem se tão pouco teremos tempo para procurar, ou talvez estamos procurando o que com certeza já encontramos e não sabemos. Nesta nossa jornada pelas fábulas que identificam nossa vida encontraremos sempre o aprendiz de feiticeiro que procurará dar ordem ao balde e a vassoura para que limpem nossas consciências , o chapeuzinho vermelho que sempre encontrará uma maneira de fugir do lobo mau, ou alguma Rapunzel que com suas tranças nos reerguerá e como Pinóquio iremos sempre mentir para nós mesmos na esperança que nosso nariz não cresça.
Estamos sempre querer que o tempo não passe, que não haja dor, que os amores que sempre sonhamos venham ao nosso encontro, mas não encontramos o amor próprio que é a base para que os amores que estão fora de nós floresçam, cresçam, frutifiquem e não precisamos renunciar a vida, a nossa vida, os nossos sonhos e a nossa eterna busca da felicidade.
Gilmar
23,45 hs do dia 19 de Setembro 2003