A METADE DE MIM

Quando me vi assim, dividida

em pedaços que não eram só meus,

senti-me só e invadida,

pela sensação de ser resto de vida,

de quem não soube viver

momentos seus.

Que fazer nesta perversa realidade

em que sou, de mim, só a metade,

pois a outra se foi sem eu sentir?

Como posso caminhar se não tenho

o apoio total e nem o engenho

de saber ao menos para onde ir?

Não sorria assim do meu fracasso!

Afinal somos o resultado dos laços

que nos prenderam, a mim e a você,

por tanto tempo!

Se o que resta de mim é a metade,

é porque tenho de você a outra parte

nesta troca sem discernimento!

Devolvo-lhe a sua! Assim eu o liberto!

Mas, dê-me a minha de volta,

pois agora, o que me conforta,

é retornar para mim!

Quero viver livre e sem laços,

desfazer-me dos fracassos

sem sombras e paralelos!

Quero ser o que eu escolher

e, dos fragmentos que recolher,

tecerei novos anelos!

Naget Cury, Fevereiro de 2011

Reeditado em Março de 2016.

Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 03/03/2016
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