Vinho

Escorre na taça o fim do dia

Num buquê de chuva que cai

A consciência então se inebria

Em goles de saudade que abstrai

E nesta sonolência complexa

Relaxa o sonho no tinto vinho

Quando faz a quimera perplexa

E os pensamentos em desalinho

Mergulho no meu eu, sem data

Nada encontro nem a mim mesmo

É como caminhar em virgem mata

Ou escorrer no meio fio a esmo

Tudo é início e fim de festejada festa

Nos basta: varanda, cachorro e taça

De tinto vinho, sabe-se lá o que resta

Dá-me mais vinho pois a vida passa

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

03 de março, 2016 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 03/03/2016
Reeditado em 01/11/2019
Código do texto: T5562035
Classificação de conteúdo: seguro