A ESTROFE FÊMEA - MEU CORPO QUER O LIVRE ARBÍTRIO
A ESTROFE FÊMEA
MEU CORPO QUER O LIVRE ARBÍTRIO
Mata-me com o desgosto
de ter invocado meu prazer
de dobrar minha alma
deslizando teu corpo
ocupando meu espírito
sendo amável pra suportar
minha calma adultera
você trouxe mais do que
as cartas possuídas
dos pesadelos da cama
tranquila
quando se aninha
em minha vida
fantasma do lado
o homem que morre
viveu meus primeiros dias
felizes como sempre
foi como sempre
que morreu ainda vivo
dentro de mim
seu charme é um solitário
quadro sem moldura
na parede
desejando música
pra alguém ouvir
lamento de fábula
sentado na cadeira
lendo o que acontece
o que parece que acontece
quando lá fora
o dia vai indo
o sol descendo sorrindo
voltarei outra vez
a brilhar
mesmo entre nuvens
meu motivo de agonia
suspeita dos amores
pelo vidro brumado
da janela
o que meu quarto assistia
enquanto ele ouvia
versos miados saindo
eram verões acenando
com as mãos
em minha carne avulsa
sobre o leito amado
leito de fantasmas
onde posso estar agora
pra possuir você
dizia meus lábios melados
da vontade que sobe
deixando marcas
vou ao toalete banhar-me
solidão de olhos
entre nós
vai trazer quem não quero
perfumado de qualquer
exagero
dos princípios do esmero
pra dormir de novo só
já visitei telhados
estive nos fins de mundo
escuros
percebo o estranho-louco
dos muros
que apanha uma fruta
do pomar alheio
anseio por ser roubada...