INVADIDO
INVADIDO
Posso fazer uma pergunta
não demora muito
a chuva vem logo a noite
estarei sozinho
outra noite
sonhando que ele é azul
que a culpa é minha
por estar tudo
ainda tão escuro
e aquelas luzes brilhando
lá em cima
que chamam de estrelas
vagando o espaço
vibrando por estarem
tão livres tão longe
tão serenas motivo de paz
que atrás quando penso
não tenho
quando passo um minuto
rápido hilário por fibras
do rosto inventadas
perto o bastante
num instante completo
o espirito resolve se abrir
no lugar errado
onde inquieto
disfarço agonias profundas
posso fazer-te
duas ou mais de uma pergunta
sendo discreto
outro dia fui embora
nasceram mágoas
criaram vagas lembranças
do adeus
que sobrou da tua voz
e uma foz pintada
que derramava
vontades
pra mim porque
verteram imagens
paisagens adoráveis
d’onde nada via
de importante pensava
como seria declarar
amor a você
numa casa ajardinada
num lugar ao luar
da serra
onde os vales mostram
nuvens tão perto
que a terra por você
transborda azul
que são estes lúmenes
que ofuscam minha pergunta
sofrendo por não sair
sozinha
quer tua companhia
p’ra ter poder de vir
ser uma pergunta com nome
escolhido nascendo
do mudo contido
que é tão vivo
quanto vivo é andar por ai
depois de vê-la...
portanto convém dizer
o que posso fazer
com este “porque”
tendo você por tema?