Salto cego
Do alto das minhas expectativas
Sinto aquele frio na barriga
Ao passar por sobre os edifícios
E, enquanto meu vôo acaba
O chão abaixo de mim desaba
E ao fim dessa estrada
Precipício
Ah, como eu ando apressado
E corro um tanto amedrontado
Rumo à borda cortada e íngreme
E o medo que percorre a espinha
Não impede o passo que caminha
Incólume
Já cansado e farto da viagem
Longe formo bela paisagem
Silhueta próxima ao píncaro
Tão perto e tão longe de casa
Abro e ergo minhas asas
De Ícaro
E aqui estou olhando para baixo
Procurando sem saber se me acho
Se fico ou se salto num ímpeto
Refaço todo meu planejamento
Que sei não servirá nesse momento
Súbito
E a Luz dos seus olhos brilha
Ofuscando meu medo e minha trilha
E a queda finda meu passo trôpego
E, no silêncio que o momento envolve,
Teu macio abraço me devolve
O fôlego.