Salto cego

Do alto das minhas expectativas

Sinto aquele frio na barriga

Ao passar por sobre os edifícios

E, enquanto meu vôo acaba

O chão abaixo de mim desaba

E ao fim dessa estrada

Precipício

Ah, como eu ando apressado

E corro um tanto amedrontado

Rumo à borda cortada e íngreme

E o medo que percorre a espinha

Não impede o passo que caminha

Incólume

Já cansado e farto da viagem

Longe formo bela paisagem

Silhueta próxima ao píncaro

Tão perto e tão longe de casa

Abro e ergo minhas asas

De Ícaro

E aqui estou olhando para baixo

Procurando sem saber se me acho

Se fico ou se salto num ímpeto

Refaço todo meu planejamento

Que sei não servirá nesse momento

Súbito

E a Luz dos seus olhos brilha

Ofuscando meu medo e minha trilha

E a queda finda meu passo trôpego

E, no silêncio que o momento envolve,

Teu macio abraço me devolve

O fôlego.

Éder Rafael de Araújo
Enviado por Éder Rafael de Araújo em 01/03/2016
Código do texto: T5560520
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