cenário vinte e um

Cenário vinte e um

Quantas horas se amontoam

Nesta hora?

Eu, de vivido e calejado,

Sei por futuro esse passado,

Sinto nesta hora a minha hora...

Bate o cuco... O cuco... O cuco...

Sua escola de como levantar-se

Sem demora.

E o cuco cuca a última hora.

A duodécima hora na marcação

Monótona dessa vida

Sol vem, sol vai,

Alguém recebe esse fato

Tocando chorinho na viola...

Ouço ao longe... Bem longe...

Nos longes do mundo

A viola chorando minha hora,

Minha duodécima hora,

A última hora do cuco.

Cenário vinte e dois

Às vezes choro a reação,

Às vezes rio... Esbravejo...

Não posso cavalgar campinas

Esfolando canelas, mas me esfolo

Em cada ato antes da cancela.

Ao trocar as pernas cansadas

Já me dói o cruzar das falas,

Mata-burros de minha estrada...

É mais doído que o adeus,

Peno pelo final das horas

Nesse relógio fatal

Indo embora...

Que tarde fria e penosa

Para a gente entardecer-se...

Eu quereria, meu compadre,

A pura vadiação

De voltar sem ter voltado,

Nas falas desse falado

Quero ter a sinceridade

De reconhecê-los sãos...

Sergiodonadio.blogspot.com

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sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 01/03/2016
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