JIM BEAM
JIM BEAM
Mormaço leviano
desconfio dos passos deixados
atravesso deserto sozinho
deserto de todos
endurecidos
me olhando de esguio
nenhum movimento
de chegada
nenhum abraços de olhos
convidando pra
entrar na cantina
tarde suspirando de sol
vermelho
a noite vai ser quente
estou sentindo
o ar pesando no conluio
a minha frente
é proibida entrada
de armas
de qualquer calibre
inclusive armas
que almas trazem
p’ra elas dizendo
estou querendo
tenho algo que ainda vive
contive desprazeres
no buraco que vivo
tenho um buraco na mesa
quer ser a certeza
de qualquer carta
que mostre meu talento
lá dentro
lá dentro mesmo
lá dentro de você princesa
de olhos verdes
pele morena
me atenho ao fino trato
da vida
que desfalece o homem
de cima
depura o sangue que ferve
destrói o suor enjaulado
nas mãos que quase
escorregam fácil
meu remédio de cintura
anoitece qualquer febre
baralho aberto
num trago de lado
sem gelo
olho o desenho da cena
que emana descaso
logo que entrei
havia um cheiro betumado
um odor leve de asco
uma mulher de voz suave
que pergunta delicada
serviu pra dizer
de quem ela pertencia
sensualidade devorada
por dentro
ninguém por perto
mastigo meu interesse
num crivo sob o luar da rua
céu nublado
imaginando ela nua
volto devorando meu gole
amargo
sigo entocado
cadeira a frente vazia
sigo de longe
olhando o valor de tudo
que nada tinha...