Não confesso a vida nesta hora.
Não demora o tempo
De revelar os tomos
De todos os segredos.
Nem por amor, ou vaidade,
Pela vontade de negar
O que não pode ser negado,
De fazer o infactível,
Realizar o irrealizável.
Expor nas prateleiras da boutique
Os itens da anunciação.
Mostrar o cristal quebrado
E os dedos machucados.
Fui inventado num sonho mal acabado.
As horas que espero, passem,
Que apenas espio, pasmo,
Que nada muda nada, passo,
A ter ideias sem sentido.
Demais seria ter sido o que não fui,
Mesmo contra a vontade da minha mãe.
Os olhos que tenho viajam pelo mundo,
E como é pequeno e inútil
Esse amontoado de pensamentos.
Nem a poesia me acompanha,
Nem a beleza de uma montanha,
Nem a natureza insana,
Da minha cabeça.
Minha arte final
Ainda está no rascunho.
Escondo os punhos machucados
Das porradas que dei nos muros.
Quantos lugares escuros,
Detalhes obscuros, desejos impuros,
Que deixei nas valas do submundo.
É tão fundo esse clamor da alma,
Que pede para que se explore o universo,
Versos não são capazes, palavras dizem nada,
Cada qual com suas imagens pintadas nas cabeças.
Peças que nunca irão se encaixar,
Não importa o que aconteça.
Mas se me acho poeta,
Vivo no beco das memórias,
Até que a poesia se compete,
São mais do que palavras,
São verbos com asas.
Não sei o quanto sei,
Nem até quando saberei.
A vida é um bar que não fecha as portas,
E a gente se embriaga até morrer.
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 28/02/2016
Código do texto: T5558314
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.