cenário dezessete

Cenário dezessete

Acordo, assusto assustado

O assustado do meu lado,

O trem vagueia o trilho alisado,

Mostra a face vermelha

Do vagão descarregado

Cheirando porcos e vacas...

Sonhei que fora descarregado

Com os porcos e vacas

E o homem vestido branco sujo

Cheirava excrementos de nós,

Comendo desse brejo,

Tomando dessa cerveja

Senti-me mal cheiroso, levado

Pelo sonho de ter vivido

Entre essa porcaria,

Mal dormido, mal acordado

Vejo os porcos ao lado,

No brejo ribeirinho abanando

Seus rabos parafusos, felizes...

De estarem si revividos.

Cenário dezoito

Corro para o banheiro

Lavar-me desse sonho,

Volto, o prato feito lá está,

Fuço esse brejo que é de direito

E sinto-me dormitando entre eles

Numa harmonia perfeita.

Aqui me dou por chegado,

Deito na rede de espera

Sonhando, o olho acordado...

No horizonte a cavalgada da égua

Leva-me a ouvir passos a léguas...

Sentindo sua vontade de chegar

Mas tendo por muro a velha pedra,

A que também a mim ameaça,

O laço que a persegue na cerca viva,

Triste cena de verdade

Estrepando patas...

Sergiodonadio.blogspot.com

Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal Clube de Autores, Amazon Kindle

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 28/02/2016
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