A RAINHA E O POETA
I
Num salão iluminado
Glamouroso baile havia
A flor da sociedade
Presente ali se fazia
E a rainha da festa
Muito contente sorria
II
Cabelos negros sedosos
E olhar tão penetrante
A todos ela encantava
Com seu jeito cativante
Parecia uma estrela
Que brilhava fulgurante!
III
Mas essa jovem tão bela
Tinha uma enorme ambição
Somente orgulho havia
Em seu soberbo coração
Nenhum rapaz se atrevia
A pedir a sua mão
IV
Nessa noite mais um jovem
Por ela se encantou
Ao ver tão grande beleza
Seu coração palpitou
E pela rainha da festa
Tão logo se apaixonou.
V
Atravessou o salão
Com os olhos a brilhar
Aproximou-se da bela
Convidou-a prá valsar
Que ao vê-lo em trajes humildes
Pôs-se logo a desdenhar.
VI
-Não te enxergas?- disse ela
Não percebes quem sou eu?
Pensas então que a rainha
Dancará com um plebeu?
Ouro, prata, diamantes
Muitas jóias e brilhantes
Todos querem me ofertar
E tu, um mísero poeta
Me convidas a bailar?
VII
O poeta, jovem digno
Nem um pooouco se ofendeu
De olhar calmo, sereno
Tranquilo lhe respondeu:
-Perdoe-me , linda donzela
Como rainha tão bela
Vai dançar com um plebeu?
Mas uma coisa sincera
Agora lhe digo eu.
III
Mantendo a cabeça erguida
Provando assim seu valor
Olhando de frente a rainha
O poeta assim falou:
- Aonde a soberba impera
Não pode exixtir amor.
IX
*_ És rainha? Eu sou poeta
Tens dinnheiro? Eu trago guardadas no peito as riquezas do coração
Não troco uma estrofe minha
Por teu colar de rainha
Por teu troféu de latão.**
És bem rica, isto é verdade
Mas nem todo o teu dinheiro
Te dará felicidade.
X
Sempre de cabeça erguida
O poeta se afastou
Humilhada, constrangida
A rainha ali ficou
Mas com certeza a lição
Em seu negro coração
Muito fundo se cravou.
XI
Por isso é que eu te digo:
_Cuidado amado irmão,
Não te entregues a soberba
Refreia tua ambição
Procura ver uma luz
E te ligas a Jesus
Através da oração.
* até ** trecho retirado de um poema de Castro Alves.