Confessionário

acontece que eu quero

atear fogo nos espaços

das gentes

inspirar a fumaça do tempo

carbonizado em mim

silenciar os ímpetos das brancuras

que tapam meus olhos com mãos e presenças

vagas, como enfermeiras

que irão me ver desintegrar

numa cama de suor e tremores.

eu quero abandonar

a arquitetura falha

deste andaime de ossos

que a cada ano me faz ascender

para dentro de um nada

onde os deuses já não respondem

nem habitam.