cenário quinze

Cenário quinze

“Sentimento

0 Não se mede pelo gesto,

Pois certos gestos não levam

sentimento algum”

O sentimento é o não escrito,

O que se deixou de falar, contar,

Por ser a palavra pequena demais

Para mostra-lo inteiro...

No ser o sentimento depende

Das surras que se leva,

Ninguém teme a mão até que

Ela esbofeteie sem réplica,

Por muito que a mão

Não amedronta, vazia,

Mas, carregada com a pedra

Da vingança, sarcasmo, inveja,

Fará o medo aflorar nos vivos...

A mão que faz o sermão afeta

Menos os crentes de seu gesto,

Mesmo abusivo.

Cenário dezesseis

A mão que acena adeus chora

Seu gesto à mão que pede socorro,

Grita seu horror frente à outra mão,

Mais que a fala gesticula sua garra!

Enfoca pelo medo o arremedo.

O padre batiza pelo gesto,

O vendedor negocia pelo gesto,

O matador suplicia pelo gesto.

O gesto gesticula cada resto.

Gesticulando sonhei estar fofando

O brejo dos porcos no capim

Gordura, comendo seus ossos...

A merda cagada nos esgotos,

O gosto... O desgosto... Sonhava

Sair voando como a borboleta,

Sair coaxando, comendo borboleta,

Sair nadando, ciscando o fundo do brejo,

a procura do outro brejo...

O que nos cerca e abate o gesto.

Sergiodonadio.blogspot.com

Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal

Clube de Autores, Amazon Kindle.

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 27/02/2016
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