Perguntas
Por que você não me aceita agora
Se o agora é tudo o que há?
Por que insiste em fechar a porta
Se o acaso arrasa tudo ao entrar?
De que adianta se agarrar com todas as forças
Em um sentimento puro e certo
Se convoca consigo agruras e dor?
De que adianta ser fiel à dor?
Onde acaba a boa vontade e começa o sacrifício?
Onde a devoção vira desperdício?
Se há tantas cores no mundo
Por que só você é colorido?
Se não sei mais por onde andas
Como saber se ainda te preciso?
E se viver da tua lembrança é o que me move
Como saber se ainda estou vivo?
As perguntas me queimam, me abrem feridas
A brasa consome minha pele e corpo
Contudo, ao cair das cascas, das cicatrizes
Descubro novas texturas e fundas raízes
Me encho de força, me refaço, brilhante
Os ventos me indicam uma rota distante
Percebo que sinto, que ando, que habito
Tua ausência: presença de um novo sentido.