PASSAGEIRO DA MEIA NOITE
(Sócrates Di Lima)
Olhe, vem chegando o trem...
quase que silencioso...
Ele vem que vem...
Todo estiloso.
Atravessa a cancela da vida,
Parando em cada estação,
Devagar na subida e na descida...
trazendo um antigo amor em minha direção.
É o trem das onze...
Que parte da estação da saudade,
Tocando seu sino de bronze...
Sua presença me invade.
Traz-me um tanto de alegria,
Em seus vagões aventureiros,
Traz canções e poesias...
Como seus ilustres passageiros.
Traz-me lembranças d' outrora,
Lembranças minhas com ela...
Um filme me passa agora,
Dos olhos e sorrisos dela.
Nunca vem durante o dia...
Surge-me sempre ao anoitecer,
Quando sozinho em nostalgia,
Faz-me sonhos reviver.
E quando chega o fim de noite,
Antes que o sono chegue,
É um vento em açoite,
Que lacrimejar me consegue.
Na verdade, ele tem hora certa,
Momento em que fico em deleite...
este trem traz de longe o que me desperta,
A vontade de amar a meia luz, a meia noite.