O poço
Embaixo dos lençóis dos teus desejos
Sobre os planos meta-humanos
Na visão de lusco fusco
Que lhe esconde o caminho
Está o poço.
Na essência da excrescência do teu ser
No pré-vida, no pós-morten
Na coragem, medo, grito e segredo
Azar e sorte, na carne, osso
Está o poço...
... E no poço, o Eldorado.
Há o poço e um convite: afunda-te!
Mas não se vê, ou não se lê,
Não se vive o “far west”
A vida passa como um teste
E nunca se bebe da abundância
Do poço.
Por medo, angústia, pseudo-humildade
Por erro, lúcida-decadente-civilidade
Abdica-se do poço-vida, que logo seca
E deixa a certeza, táctil crueza
De que quando vivo
Se estava morto.