O poço

Embaixo dos lençóis dos teus desejos

Sobre os planos meta-humanos

Na visão de lusco fusco

Que lhe esconde o caminho

Está o poço.

Na essência da excrescência do teu ser

No pré-vida, no pós-morten

Na coragem, medo, grito e segredo

Azar e sorte, na carne, osso

Está o poço...

... E no poço, o Eldorado.

Há o poço e um convite: afunda-te!

Mas não se vê, ou não se lê,

Não se vive o “far west”

A vida passa como um teste

E nunca se bebe da abundância

Do poço.

Por medo, angústia, pseudo-humildade

Por erro, lúcida-decadente-civilidade

Abdica-se do poço-vida, que logo seca

E deixa a certeza, táctil crueza

De que quando vivo

Se estava morto.

JG de Araújo
Enviado por JG de Araújo em 07/07/2007
Código do texto: T555589