MENINO DA CHUVA
Cai pesada e grossa a gota,
mensageira fria do temporal que se aproxima.
Passa o menino de roupa rota,
busca a choupana que o morro encima.
Olhar sentido, sofrido da vida,
insensível à torrente que queda,
abrindo no peito antiga ferida,
um vento que, cortando, gela.
No cume do morro o rugir
do vento é a voz do Soberano
entrando na choupana, vendo o desabrigo.
Da chuva e das lágrimas vê surgir
a luz da salvação, final do desengano,
resplendente dizendo: Venha comigo.