PELO TELEFONE
Quando tua voz
ecoou profunda
pelo telefone,
asas de albatroz
levaram meu pensamento.
Ecos ressentidos
do peito meu
gritaram teu nome.
Cegou-me a tua imagem,
fazendo-me não ver,
convicto, não te esquecer.
Do marejar dos meus olhos
uma chama crepita,
do calor dos teus lábios
uma gota saltita.
Gota de orvalho
em manhã primaveril.
Quantas vidas daria
para envolver-te agora
num abraço terno?
se mil as tivesse, as mil!
Reflexões... reflexões
do que vai passando,
tempo inútil de espera
de quem já passou.
Conter a vida,
pedir ao tempo
tempo para secar a ferida,
lembrança amarga que ficou.
Andorinha vadia
no alpendre do coração.
No fim do verão,
arribou.