cenário dez

Cenário dez

Já o medo depois crescido

No menino crescido,

A rua onde eu morava

Perdeu sua graça.

Pedradas nas costas suadas...

Sorrir? Somente aos mortos,

Inofensivos, lugar de cochichar

Sorrisos é na paz dos mortos,

Gente que deu pedrada

Pedindo perdão, testa doída,

Amassada, culpada, culposa,

Ruidosa, ruinada...

Testa de gente amassada,

Agora virando nada.

A cena dizendo bom dia,

E ter de responder bom dia

À gente que conheci

E agora não conheço, tão quieto,

Suplício maior sendo aceito

Em branco... Em branco...

Enlevo do branco névoa

Desaparecendo...

Cenário onze

O medo lesou o encanto

Das pessoas que conhecia,

O medo dos brabões,

Da brabeza dos medrosos,

A covardia dos raquíticos...

Lembrar lembranças amedronta,

Contação de fatos ou folclores

Põe a vida em perigo, do medo,

Medo, das guinadas

Medo, das grinaldas

Medo, de esmeralda

Medo, do nada

Medo, Medo,

O medo covarde do corajoso?

O medo como parte do crescimento

Do menino, da menina, noções de medo

pelo medo, pelo medo...

Como cães com a queima de fogos...

Cenário doze

Tanta pedra... Tanta pedrada...

Que afasta de ti os chegados,

Fica tudo longe...

Se acostumando com os longes

Como morada,

Distâncias perigosas

Em que nos colocamos, a medo...

Tememos a proximidade

De nossos queridos inquiridos,

Éramos xeretas a uma época

De vividos... Sabíamos segredos,

Não segredos, desacostumados,

O medo da distância nos põe perto,

A saber de sapatos novos, zinzos,

Diz-se na ciência que vírus pega,

Nega que esse vírus te tomou...

E mostrarei o quanto se perdeu

Na sua essência de inda ser

Um ser gregário, mas com medo,

Delicado medo de passa-lo,

A esmo... À Exmo. A solitários.

Sergiodonadio.blogspot.com

Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal

Clube de Autores, Amazon Kindle.

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 25/02/2016
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