Emudecida
Já não mais se ouve de tua voz o suave canto
Que entoavas ou a marca de teus passos nas pedras,
De teu corpo, ora ressequido, restaram só lembranças,
Já nem mesmo se sente os resquícios do encanto
Que um dia tanto me encantou e, agora, medras.
Já não mais mergulho, confiante, em teu regaço,
Por não saber dos perigos que me aguardam no fundo,
Já não me aleito em teus seios, como quando criança,
Já nem mesmo envolves meu corpo em um abraço,
Perdeste teu curso nos descaminhos do mundo...
Já não mais sacio minha fome em tuas alfombras
E, muito menos, a sede em tuas minguadas fontes,
Deixaste que secasse tudo, até mesmo a esperança,
De que sob tuas vestes encontrasse de novo a sombra,
Que um dia me acolheu, refletindo morros e montes.
De tuas curvas que um dia cantei contigo em lamentos,
Extasiado ao ver refulgir em cores todos teus reflexos,
Nada restou no leito, já não exibes a límpida pujança
Dos momentos vividos, hoje és curso de excrementos,
E de descarga de dejetos após uma noite de sexo...
Constrito, confesso que me dói ver esse teu destino,
Meu corpo, carente, treme convulso e não é de frio,
Ao mirar-te como agora, meio à inconclusa dança,
E constatar que nem mais pode ser chamado de rio
Esse leito seco, oposto ao de meu tempo de menino.
Já não mais se ouve de tua voz o suave canto
Que entoavas ou a marca de teus passos nas pedras,
De teu corpo, ora ressequido, restaram só lembranças,
Já nem mesmo se sente os resquícios do encanto
Que um dia tanto me encantou e, agora, medras.
Já não mais mergulho, confiante, em teu regaço,
Por não saber dos perigos que me aguardam no fundo,
Já não me aleito em teus seios, como quando criança,
Já nem mesmo envolves meu corpo em um abraço,
Perdeste teu curso nos descaminhos do mundo...
Já não mais sacio minha fome em tuas alfombras
E, muito menos, a sede em tuas minguadas fontes,
Deixaste que secasse tudo, até mesmo a esperança,
De que sob tuas vestes encontrasse de novo a sombra,
Que um dia me acolheu, refletindo morros e montes.
De tuas curvas que um dia cantei contigo em lamentos,
Extasiado ao ver refulgir em cores todos teus reflexos,
Nada restou no leito, já não exibes a límpida pujança
Dos momentos vividos, hoje és curso de excrementos,
E de descarga de dejetos após uma noite de sexo...
Constrito, confesso que me dói ver esse teu destino,
Meu corpo, carente, treme convulso e não é de frio,
Ao mirar-te como agora, meio à inconclusa dança,
E constatar que nem mais pode ser chamado de rio
Esse leito seco, oposto ao de meu tempo de menino.