ROSA DE SOL
Domingo de verão, diferente corrida.
Milhares vão indo, sorrindo
em carreirões, manhã divertida...
Anelando um céu azul,
sol queimando e água de sal.
Sombras, talvez... praias do litoral.
Voando na imaginação
corpos tostados, canícula na areia.
Passando no calçadão
uma mulher, corpo de sereia.
Um sorriso e breve aceno.
Gingou e sumiu, sumiu e gingou.
Despertei um pensamento obsceno.
Suas asas velozes ruflaram
haurindo a alegria revolvente
das ondas encapeladas, do astro-rei
que ri, às escâncaras e, rindo, bronzeia.
Ciúme da aragem que canta fremente
roçando no s lábios, na tez
duma mulher, corpo de sereia.
Oh! natureza, oh! amplidão...
aos quadrantes do mar assesta
a música efêmera da arrebentação.
Os sons maviosos da tua orquestra
embalam na harmonia constante
o quedar da noite, a vibração do dia.
Meu pensamento nas vagas vagueia
desatando laços de espuma fria
que envolvem uma sol de sol dourada,
uma mulher, corpo de sereia.
A brisa fria o anoitecer avisa.
A natureza silente dormita,
como no campo a sensitiva.
No meu peito uma chama crepita,
embate nas ondas, nas brumas do mar.
Pétalas de névoa envolventes e singelas
nas entranhas de rósea corola que incendeia.
Amantes possessos, quais procelas...
Na cálida areia uma rosa de sol,
uma mulher, corpo de sereia.