Sonhos

Eu não quero mais dormir

Vencido pelo cansaço

Isso faço

Toda noite em minha cama

Quero dormir embalado

Pelo opus 9, noturno

De um Chopin tocando na varanda

E deixar meu coração seguir ciranda

Suave como os dedos no teclado

Quero entrar num sono leve

E que o sonho leve

Todos os meus pesos noite adentro

E os deixe em algum lugar

Que não encontro

Não quero nem pensar no amanhã cedo

Medo, fique alheio ao meu lençol

Quero repousar no travesseiro

E ao apagar das luzes ser farol

Ser o que quiser o meu desejo

Voar da cama, dar a volta ao mundo

De olhos fechados, ver o que não vejo

Surpreso

Com o tempo que demora um segundo

Quero mergulhar na maravilha

De um mundo sem cadeias, surreal

Além desse colchão em que se esconde a ervilha

Semente desse incômodo brutal

Quero soltar a âncora da vida

E desprezar o nexo causal

E quem sabe livres da armadilha

Da escura realidade que nos cerca

Não nos encontremos nesse plano

Sem planos

E sem a obrigação de uma hora certa

Que o sonho a si se baste

Inconsequente

Do sonhador que ora desperta

Éder Rafael de Araújo
Enviado por Éder Rafael de Araújo em 24/02/2016
Código do texto: T5553537
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