SUFRÁGIO, FARSAS E SOFRIMENTO - ATO FINAL

SUFRÁGIO, FARSAS E SOFRIMENTO

ATO FINAL

...Pelas raias dessa loucura,

...vagueio sem me mover...,

Das imagens que posso ver,

Uma brilha em noite escura.

Formas e faces destorcidas,

Vultos disformes a me seguir,

Entre horrendas vozes a ganir,

Palavras lúgubres proferidas.

Uivo sinistro de toque sórdido,

De punhal a perfurar o peito,

Imóvel estirado neste leito,

O final em cenário mórbido.

Em triste cânticos os acordes,

Tocados em hedionda sinfonia,

Pelo barqueiro que ri da agonia,

Levando almas ao negro hades.

No aproximar do nefasto cais.

O cheiro pútrido dos pecados.

Dos ímpios sendo queimados.

Nas eternas chamas bestiais.

És ardiloso em sua armadilha,

Mercador de falsas promessas,

Encarcerando almas possessas,

Cria funesta horda em matilha.

Mas o epitáfio de ato infernal,

Apresenta-nos o inesperado,

Imagem de brilho sagrado,

Desce dos céus anjo celestial.

- Neste não tocarás corruptor!

Com este não fizeste o pacto.

Pois a ti ele não deste o voto.

E nunca foste seu este eleitor.

Sendo assim não te pertence,

Decretou em tom canoro,

Angelical em seu decoro,

E pela fé que sempre vence.

Alçado em paz por alvas asas,

Sou retirado do vil tormento,

Deixando pra trás em lamento,

O biltre cão em meio as brasas.

Saio do cenário em catástase,

Entre cortinas de tons matizes,

Enquanto apagam-se as luzes,

Ouço o público em puro êxtase.

Ao palco volto do anfiteatro,

Para agradecer a feliz plateia,

Que grita em uivos de alcateia,

...confundindo vida e teatro.

Andando entre os camarins.

Penso na real pantomina.

Do político e da colombina.

Que nos fazem de arlequins.