Tirando onda...
E, se for pra não me devolver aqueles dias
de margaridas nos jardins da casa amarela
de violetas , arruda, cravos na janela
maçãs frescas dependuradas nos sonhos
amarelinhas deitadas na calçada,
pés descalços em terras macias, acolhedoras
onde tudo se plantava: frutas, flores , café
sonhos, esperança, amores, fé
Aconchego nos acordes amorosos do pai sonhador
Afeto nas doces canções de ninar da mãe sertaneja
Ave Maria soando longe no auto falante da igreja
Estrelas mil dançando na escuridão da noite
Lua cheia de doçura , descortinando o encanto
Deixa-me então em meu canto,
com minha dor e meu pranto
Deixa-me, ciência fria, desalmada
De nada adiantam as descobertas
Que deixam as ruas da saudade desertas
Nenhum sinal de volta, nenhum sinal de alforria
Apenas ondas gravitacionais, complexas, vazias,
Buracos negros, trevas e nada mais.
Benvinda Palma
Em 22/02/2016