Viver ,morrer e o vazio entre eles
Viver é preencher vazios
Vivemos de forma tão tênue
Difícil saber realmente o que é viver
É daí que vem todo nosso sofrer
Quando enxergamos ficamos frios
Porque é triste saber que tão somente
A nossa vida não passa de preencher vazios
Aquele buraco enorme que separa a vida da morte
Desgraçada a nossa sorte
Parecemos pedreiros tapando buracos
Os buracos entre a vida e a morte
Uns enlouquecem
Outros se entorpecem
Alguns se perdem
E todos nós viramos sentinelas
Os sentinelas da morte
O que é viver?
Ele não passa desse sofrer?
Saber que vamos morrer?
Aí vamos criando subterfúgios
Tentamos nos perpetuar nas coisas
Tentamos nos eternizar nos outros
Enlouquecemos todos com a triste realidade
É muita coisa para a nossa vaidade
Fere nosso orgulho
Mexe com nossas emoções
Saber que tudo que vivemos
Que construímos
Que somos
Que idealizamos
Tudo,tudo, tudo são apenas entulhos
Entulhos que enchem o vazio
O vazio que separa a vida da morte
Mas é a pura realidade
Tudo se passa dentro desse tempo
Desse buraco que há entre a vida da morte
Ele precisa ser alimentado
Depois é excretado
Eis aí a vida ,a nossa tão preciosa vida
Não passa de um mero vazio a ser preenchido
Tênue,
Insustentável,
Imprevisível,
Posto que é feito chama de vela ao vento
Balançando de lá pra cá
Até vir o vento forte e apagar...
Triste saber que viver é morrer
E morrer é cair no vazio...