Telhado de vidro
Meu velho pai me disse:
Você não pode ser assim
Acontece que eu não vim para ser
O que meu pai gostaria que eu fosse
Nasci e cresci para ser uma benção
Todo aquele que me diz: Você não pode ser assim
Com certeza, não é como precisaria ser
De fato eu sei quem sou
De onde venho e para onde vou
E isto basta para ser o que sou
Todavia, não me diga mais uma vez
Você não pode ser assim
Todo aquele que me diz isto
Com certeza absoluta, gostaria de ser o que sou
Porque não está feliz em ser o que realmente é
De novo
Eu novamente baterei na mesma tecla
Vim para ser o que preciso
Mas também sei que preciso ser o que não devo
Das ruínas do meu cinismo construí
A mais lida forma de viver
Como é bom sentir-se seguro
Não há mais nada a temer
Não há mais nada a perder
Nem tampouco com que se preocupar
Todas as minhas janelas de vidro
Todo o meu telhado de vidro
Fui eu mesmo que as quebrei
Todavia, agora quero, posso e devo
Sem receio algum
Atirar pedras nos telhados alheios
Mas não farei isso
Mas eu não tenho pedras
Tenho atitude, caráter, pudor e brio na cara
A minha vida é uma eterna pedrada