INCORRIGÍVEL VIDA
Pediste e pedes que eu não chore.
Tenho tentado matar a fonte,
Proibi-la de formar cascata.
A ti supliquei, caso partisses,
De que o gato subiu no telhado,
Trouxesses lentamente o aviso.
Trapaceou-nos a incorrigível vida,
Deu-nos o amargor de certas surpresas
E tu te foste de imediato.
Aqui fiquei entre altas paredes
E longas circulações em devaneio.
Choro, evidente que choro.
Bem eu gostaria de obedecer-te,
Secar o pranto, esconder o lenço.
Impossível, porém, omitir o soluço desobediente.
20.02.2016