O tempo e o guepardo

O tempo é ideia que se reparte

é pergunta feita ao espelho

equivocado escuro

insistente sombra

é pedra vagarosa

ou seta ligeira

atiradas

esperando a inescrutável morte

não se alteia

ecoa na cegueira serena e silenciosa que é não ser

O tempo envilece!

O tempo é do guepardo o movimento e o instante

que o leva daqui para diante

o tempo é as garras do guepardo fincadas na nossa garganta

desmanchando o frio gume do punhal entrelaçado ao destino

signo do movimento

mas não do tempo

que se aquieta na inércia e não se move

tal qual o silêncio que acontece sem mensuração

momentâneo e intermitente

a eternidade morrendo dentro da fuga e do medo

dos erros que mentem à vida

à impassível e torturante guerra das horas lentas

ao contumaz desespero das hora céleres

ou aos dilemáticos presságios

que enchem de sensações

e elucubrações

a vida

ou o que dela restou

dispersa diante dos vales íngremes e profundos

dos abismos esperando respostas