souvenir
do concreto que tenho parido
brotam hiatos e silêncios,
molduras de medos e ímpetos.
seja sob o calor de lavas
seja na fumaça da madrugada
penso me livrar
dessa anatomia prenhe de dinamites;
penso estourar
minhas sílabas, meus olhos, minhas melodias.
penso queimar meus cabelos
religiosamente, de joelhos,
até que minhas cinzas sejam apenas pó de monumentos.
e assim penso no abismo dos meus dias
gritando nos ponteiros
o apodrecimento das entranhas encaixotadas pelo tempo
que de mim tira
pedaços, trajetos, poesia,
souvenirs a um sádico para decorar a sua estante
de mentiras.