FALA DE VERÃO POR DENTRO
 
 
 
Foi à festa no grande aterro
dos mouros onde voam
mariposas de todas as cores
libélulas no final
da tarde repousam
depois da dança da morte
quando ousam
cegar nosso infinito
num verde abraço
mato chamuscado
de vagalumes
primeiro sino que toca
invoca o disparo de grilos
imunes a nossos passos
de ritmo interessado
pela subida
do que vamos ver
lá em cima
logo perto da entrada
ossos velhos pintados
de preto
crânio de um touro
com chifres inteiros
olhos vermelhos
eram duas maçãs
que vontade de sorvê-las
que desce um pedaço
em cada boca
que louca seria esta
ideia na miséria
dos sonhos
se a boca fosse a sua
nua completa
na minha dieta de absurdo
maçãs de brinquedo
plástico perfurado
duas sementes de nozes
parecem descer
calda branca
pra enfeitar o culto
de magia do blues soul
velho sempre novo
rock in roll
que noite sera
porque será que ninguém
teme a noite que avança
trouxe o mesmo
cobre-vulto de ataque
desta vez era claro
transparente até a cintura
pouco aberto abaixo
simples detalhes
embates entre desenhos
e curvas
vai dançando
transando com meus
acordes passos pobres
de astuto
ela de sandálias romanas
poeira de verão sopra
no orvalho diluindo
poças pequenas
espelho de cenas
que mal posso ver
se pudesse queria
me ater de lama
p’ra ver teu fogo
alcoólico bucólico
 permitindo subir
nos ares altares
de “reza profunda”
arrepio intenso
propenso decaio
nas vertentes do sádico
que mágico hipnotiza
sigo pegadas
sigo sagas-trilhos
invento mitos
por onde ela pisa
procuro a cura
na estreita caverna
de portas bang bang
que tiros sem sangue
deve estar à cura por cima
de qualquer mesa
servido embebido
podendo toda vontade
secreta que  ilumina
qualquer alguma certeza
na rima dos pecados
amados pecados
sem culpa...
 
 
 
IN FOR SUMMER TALKS
 
 
 
It was the party in the great landfill
Moors where fly
butterflies of all colors
dragonflies at the end
of rest hours
after the death dance
when they dare
blind our infinite
a green embrace
bush scorched
fireflies
first bell that rings
invokes the trigger crickets
immune to our steps
Concerned pace
the rise
what we see
up there
just near the entrance
old bones painted
black
skull of a bull
with whole horns
Red eyes
were two apples
that desire to sip them
flowing down a bit
each mouth
that would be crazy this
idea in misery
of Dreams
the mouth was his
full naked
in my absurd diet
Toy apples
perforated plastic
two seeds of nuts
They look down
white syrup
to decorate the worship
of blues soul magic
old always new
rock in roll
that night will be
why is it that no one
fear the night progresses
He brought the same
attack copper-figure
this time it was clear
transparent to the waist
little open below
simple details
clashes between drawings
and curves
go dancing
fucking my
chords poor steps
artful
her Roman sandals
Summer dust blows
diluting the dew
small puddles
scenes mirror
I can hardly see
you could want
I stick mud
p'ra see your fire
alcoholic bucolic
 allowing up
the altars air
"deep prayer"
intense chill
prone decaio
on the slopes of sadistic
that magical hypnotizes
Following footprints
Following sagas-rails
invention myths
where she steps
seek healing
the narrow cave
bang bang doors
that shots bloodless
must be above the curing
any table
served soaked
may all will
secret that illuminates
any any certainty
the rhyme of sins
beloved sins
without guilt...