Aldabra
Dedicado ao mestre-amigo,
Miguel Jacó
Aldabra
Queria não ter sentimentos
Para não sentir a dor dessa amargura
Não me sentir tão desmotivado
A olhar de frente
Esse cruel mundo que está à minha volta.
Vontade devastadora de não seguir adiante
De me jogar diante de um poste
Em um carro sem freios.
O meu corpo, está desmoronado pelo horror que é a vida.
Pagando alto preço, olho o horizonte
Que se desmantela, no infinito-horizonte
Tentando se esconder atrás dos montes
E compulsivamente, tenho piedade de mim.
Pietà!!!
E dos que vivem, assim feito eu no desencontro.
Ó! Mundo desencantado e seus sobreviventes
Como continuar vivendo, com esse horror que é a vida?
Mas sou mutante e feito pétalas que se abrem
Quiçá, daqui há pouco, sentirei menos nostalgia.
Mas, por enquanto, quero que a angústia,
Sangre e fira, as partes expostas do meu corpo.
Por dentro sempre tenho asas n'alma, e voo...
Enquanto me comporto feito louco, escrevendo...
Na desordem da arrumação dos meus pensamentos
Olho frio a tudo que se passa a minha frente e tranco a porta.
Quero o isolamento!
Deixo que meu ser, seja devastado pela fúria do silêncio...
E não ligo o rádio, e não olho um quadro e não tomo banho.
Quero me sentir, cada vez mais, feito barro, no atoleiro
Enquanto imagino, vitória-régia, nas águas dos oceanos.
Meu ser é dado a contrastes de loucura e sanidade
Rasgo a cidade.
E quando a parte mais pura se apura,
Me sinto em Aldabra.
Tony Bahi@.
Nota:
"Aldabra", é um atol, localizado no Oceano Índico, um dos poucos lugares, que ainda conserva intacta a Natureza.