Deusa

Deusa de véu e vestido e branco

Que habita meus sonhos imperfeitos

Vem tirar do sono o manto

Que cobre a face escura do peito

Vem aquém das montanhas

Deixar rastros de flores do campo

Pra dourar meu corpo em chamas

Num ardor secreto de amianto

Deusa da noite sem fim

Que finda o vale sombrio

Quero teus olhos perto de mim

Pra não deixar este coração vazio

Com seus braços de ternura

E boca seca de paixão

Seja minha eterna desventura

N’alma inda presa em sua devoção

Deusa de magia e sedução

Que leva com o vento minha vida

Entre nuvens cheias de solidão

E por caminhos vazios e sem saída

Vem ser a medida incerta do amor

Que se vai pr’além da escuridão

Quebrar o gelo com o teu calor

Que se fez em meu túmido coração