NOTURNO


   Cessou toda música
   Na vila, num místico
   Silêncio ao crepúsculo.
E agora a noite pesa feito um sonho mudo.
 
   Não passo doutro artífice
   Das horas, do equívoco
   Mais belo e fantástico
Se tudo quanto amamos dura breve chama.
 
   Suporto esses cúmulos
   De sombras sem túmulos,
   Resposta sem dúvidas.
Deixar que ao ébrio seja doce um velho Porto.
 
   Angústia nos pórticos
   Da dor, nos recônditos
   Vazios e rústicos –
Devolvo à treva por insulto o esgar mais negro.
 
   E estranho essa esdrúxula
   Ruptura em meu mórbido
   Silêncio de bêbado
Se canta, inconveniente, um pássaro esquisito.
 



 
Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 16/02/2016
Reeditado em 25/02/2016
Código do texto: T5545801
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