DESENCONTRO

Deixou as portas abertas,

Vestiu o traje mais bonito,

seu sorriso, largo, era infinito;

havia escolhido as palavras certas.

Aquele dia passou como a vida,

Sem mesura ou qualquer certeza,

à espera, duas xícaras sobre a mesa

e um ser de expressão comovida.

No escoar das horas, a impaciência

fê-lo adicionar bourbon ao expresso.

- Ma che cos’è sucesso? -

Indagou ao coração em turbulência.

Resolveu entregar-se ao acaso,

esperançoso pela quimérica surpresa,

porém, para sua tristeza,

o relógio marcava um grande atraso.

A noite chegou para fazer companhia,

depois veio o pranto, sem aviso.

Uniram-se num abraço convulsivo

o ser, a dúvida e a melancolia.

Da expectativa de um romance

restou apenas a certeza do fim

então, decidiu-se que, enfim,

não haveria mais outra chance.

Esquecera os sonhos e o discurso

que ensaiara por tantos anos

o coração roto em desenganos

estancou daquela vida o curso

Quase morreu de tristeza

Não fosse um revólver pequeno

Que disparou no sereno

Das ruas frias de Veneza.

Paula Venturin
Enviado por Paula Venturin em 16/02/2016
Código do texto: T5545161
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