DESENCONTRO
Deixou as portas abertas,
Vestiu o traje mais bonito,
seu sorriso, largo, era infinito;
havia escolhido as palavras certas.
Aquele dia passou como a vida,
Sem mesura ou qualquer certeza,
à espera, duas xícaras sobre a mesa
e um ser de expressão comovida.
No escoar das horas, a impaciência
fê-lo adicionar bourbon ao expresso.
- Ma che cos’è sucesso? -
Indagou ao coração em turbulência.
Resolveu entregar-se ao acaso,
esperançoso pela quimérica surpresa,
porém, para sua tristeza,
o relógio marcava um grande atraso.
A noite chegou para fazer companhia,
depois veio o pranto, sem aviso.
Uniram-se num abraço convulsivo
o ser, a dúvida e a melancolia.
Da expectativa de um romance
restou apenas a certeza do fim
então, decidiu-se que, enfim,
não haveria mais outra chance.
Esquecera os sonhos e o discurso
que ensaiara por tantos anos
o coração roto em desenganos
estancou daquela vida o curso
Quase morreu de tristeza
Não fosse um revólver pequeno
Que disparou no sereno
Das ruas frias de Veneza.