Gotas de orvalho
Gotas de orvalho
Vou me largar no mundo
Feito larva que se desprende do útero materno
Assim que descobre a luz do dia.
E sairei sem vigia, e sem rancor e sem pudor
E me atirarei no mundo, feito inseto sem asas
Perambulando pelos guetos.
Quero ser desprendido de objetos e coisas
E ser infinito, feito gaivotas.
Ser pedra consumida pelo mar da natureza
E ser nuvem plasmada, no céu...
Ser reconhecido Poeta, ainda vivo
Saborear a complacência dos olhos
Daqueles que leem a Poesia que sai de mim
Feito gotas de orvalho.
Ser amado, por olhos que nunca me viram,
Ser tocado por mãos, que nunca me tocaram
Ser possuído.
Ser sentido, para não me sentir
Um pobre-réptil-inútil e desgraçado.
Mas a flor, tem o dia certo do desabrocho
E enquanto as pétalas se arrumam
Enquanto reis não sobem aos seus tronos
Enquanto a folha não cai no esquecimento
Enquanto o vento, não trás o cheiro da maresia
A Poesia ocupa um lugar, que será sempre dela, por direito.
Tony Bahi@