A TUA JANELA

Retratos recortados pela saudade

e trazidos à tona,

vozes misturadas e ouvidas com avidez,

pedaços de histórias

nos volteios da memória,

e os contornos misturando-se pela impossibilidade

de construir com exatidão as formas do passado !

E eu tocando com suavidade o teu rosto

que se revela e some, que se perde já,

no ir e vir das impossibilidades, será?

Agora ouço o vento que sempre sopra

ao leste, para lá das esquinas da vida

e danço a sua música ...

Agora que espreito tua janela

assim muito de longe e sei

que respiras ainda, que ainda te comove

a vida que dizes não querer viver,

eu sei que ainda te tocam palavras

que eu poderia dizer até o nosso fim,

mesmo que só por breves instantes.

E estaríamos tão unidos, sendo apenas,

no simples tocar de mãos...

Eu espreito tua janela e posso ouvir que respiras,

que ainda te movem as histórias

longínquas de outras terras, outros viveres.

Olha, vê como aqui permaneço e espero,

do mesmo jeito que a terra árida pressente a chuva

em águas torrenciais, e persiste, tão

quieta, numa ânsia contida de terra

calejada e paciente.

E sei que a bênção dessas chuvas sempre

me toca a cabeça suavemente,

me olha com ternura e até sorri.

Assim é você em sua mansidão

nascida de onde, de tantas agruras,

nascida de histórias sem fim de vida

e espero , sim, espero, sou silêncio

de madrugada em vigílias

no teu encalço!

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 06/07/2007
Reeditado em 14/04/2008
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