Um entrelaçar 
 
 
Sigo buscando abrigo em mim
Cansada de andar à toa
Caminho e canto uma canção
Cravando nela o meu desejo
 
Aquieto-me num entrelaçar íntimo
Numa parte viciosa e sempre só
Em pleno inverno molhado
De um corpo desnudo e pleno
 
O caminho se desfaz ao vento
Alterando o curso que se curva em luz
Na água madura da primavera
Dilatando a tristeza em flores
 
Uma parte segue a sombra da lua
O caminho eu perdi no encanto
Das horas amareladas em cachos
Longe da paz que absorve o tempo
 
Sigo por outro caminho de volta
Com um riso descolado dos lábios
Que despacha um hálito gelado
De um Eu esculpido sem rascunho





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Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 14/02/2016
Reeditado em 25/05/2016
Código do texto: T5543344
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