Um entrelaçar
Sigo buscando abrigo em mim
Cansada de andar à toa
Caminho e canto uma canção
Cravando nela o meu desejo
Aquieto-me num entrelaçar íntimo
Numa parte viciosa e sempre só
Em pleno inverno molhado
De um corpo desnudo e pleno
O caminho se desfaz ao vento
Alterando o curso que se curva em luz
Na água madura da primavera
Dilatando a tristeza em flores
Uma parte segue a sombra da lua
O caminho eu perdi no encanto
Das horas amareladas em cachos
Longe da paz que absorve o tempo
Sigo por outro caminho de volta
Com um riso descolado dos lábios
Que despacha um hálito gelado
De um Eu esculpido sem rascunho
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