MISTER CÔMICO
 
 
Ele era o artificio das
ignorâncias que perseguem
as virtudes por ser feio
ele era o desajeitado
passando por velho
que dentro vivia
enviando desespero
ele agora desce a rua
feita de pedras antigas
botas de couro surrado
calça de brim
com rasgos figurantes
chamando olhares
pra serem seus
por algum minuto
ele dança não anda
ele parece que convida
alguém pra sair
pelo olhar
todas estão no seu caminho
na noite no escuro vazia
elas foram paixões
criadas pelo coração de dia
a estrela que explode
não revela mais ninguém
por dentro
o egocêntrico vendendo
um carisma
se aproxima dele
com sotaque familiar
o que você pretende
neste mundo doente
dos compassos benzidos
amaldiçoados
pra serem assim
o orgulho valente
desafia qualquer passo
 querendo ir à frente
olha pra cima
você está alto
convencido de ser outro
pelo novo clima
“são criaturas do deus-guia
todos tem medo de altura
rezam sempre que falam
quando notam
que ficaram sozinhos”
o medo escondido
observa o esquecido
por estar pensando na
próxima vitima
surge desafiando
a ficar imune
dos rastejos complexos
trouxe um sonho fácil
qualquer moeda paga
uma noite de núpcias
eu tenho uma cega
quem você traz
que abre teu corpo
não quer uma entrega
“meus lábios são vícios
pretendo sair de novo pra comprar”...