A JUSTIÇA DA MASSA

Em volta da praça agitada,
Gritava a plebe enraivada:
Mata!
No centro da praça enraivada,
Encolhida criatura lhes olhava,
Apavorada.
Ensandecido e enfurecido o
Grupo, deixa em seu rastro
Destruição por onde passa,
Clamam justiça para o
Homem que errou.
O temor de um e a revolta
Da raça,
Despia da calçada as pedras.
O mataram a pedradas.
Arrastaram-lhe os restos,
Em derredor da praça,
(Que a outros é impossível
Conter a fúria da massa).
A massa na praça se
Esparsa,
Ao ver exangue o criminoso
Que julgou vil.
Qual o crime ?
Indaga-lhes o praça,
“Ele roubou,
E ao larápio
O perdão é vão.”
O que levou ?
De novo
Lhes indaga o praça:
A quem em uníssono
Responde a massa:
“O vagabundo roubou
Pão.”
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 11/02/2016
Reeditado em 22/05/2020
Código do texto: T5540633
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