PRONOME SEM NOME
Eu...
Inexisto na primeira pessoa.
Insisto, reviso , aviso:
Inexisto.
Sou pronome presumível
eu conjugo meu sentido:
Mesmo em verbos irregulares
Em pessoas singulares..
Não sou meta previsível.
Não conjugo o impossível.
No fictício do nada
Inexisto assoberbada.
Tu,
ele... vós,
eles...
E se em mim sou conjugada
sou absolutamente
o nada.
Como rima indegente
Soo delicadamente.
Não sou o salvo-conduto
Sequer alvo impoluto.
Quiçá seja saciedade
Das tantas insanidades.
Tu,
ele... vós,
eles...
Neles,
Sou ação silenciosa
Conjunção criteriosa.
intenção,
emoção,
coesão
coerção
devoção
vocação
perdição...
Sou a mão intencionada
depois volto ao meu nada.
Sou palavras dirimidas
nessas rimas escolhidas.
De imagens conectadas
Nas vontades amputadas.
Tiro o pó do meu caminho
Dessa vida de fuligem:
Líquens
Cascas
são feridas...
Tatuadas cicatrizes.
Tatuagens transferíveis...
De socorro às diretrizes!
Atos
Patos e
Contratos:
todos eles
eu lhes pago!
Nem discorro,
Sou socorro.
Nada é meu se sou só eu.
Sobrevivo dos pronomes
Nenhum deles tem meu nome.
Tu,
ele... vós,
eles...
Todos vossos diagnósticos
São tecidos meus,
necróticos.
Inexisto de ser eu
Só desisto
De improviso.
A poesia regenera
Tudo aquilo que se espera.
Para inexistir,
Insisto.
Tu,
ele... vós,
eles...
Não haveria alma prima
No secundarismo rima,
Do tudo a se cumprir.
(eu)Tu,
ele... (nós) vós,
eles...
Quantos pronomes
Sem nomes!
E por sobre
O sobrenome
Da existência a se fingir.
Nada é o existir.