QUARTA FEIRA DE CINZAS! (213)
A cada bloco que passa, invade a avenida,
Com a cara pintada, é palhaço da vida,
Sabe ser esta noite, o final, a despedida,
E, qual louco dança, ao embalo da música...
A fantasia, mais uma vez é usada,
Está velha, sem cor, desbotada,
Companheira constante, de loucos carnavais,
Nela secou muitas lágrimas e abafou tristes ais...
A última escola aponta, ele se perfila,
Treme todo, uma oração, balbucia,
Fecha os olhos, se sente o mestre sala,
E respeitoso se curva, ante a porta bandeira...
A quarta feira o acorda, de seu sonho lisérgico,
A mão da musa, não mais, acaricia seu rosto,
Num derradeiro estertor, canta ainda um enredo,
E, o carnaval... Beija o asfalto... Num esforço supremo...