Carnaval
Lá estão cavalos,
castelos encantados.
Nos vários resvalos
suspiros, segredos.
Lá moram
corujas.
Imagens sagradas,
apegos e desapegos.
Lá se mostram vivos
os mortos.
As figuras corretas,
os tortos.
Lá em cima euforia,
na pista os inglórios.
Riscam eles próprios
verdades, folclores.
Lá estão as deusas
nuas.
As peles, as feras,
cruas.
Lá da rodas que giram
ou das gruas
uma onça,
um jacaré, vidas suas.
Lá estão elefantes,
bares, sapatos, coisas das ruas.
As várias idiossincrasias,
conversas e luas.
Poetas, cantores,
mágicos e histórias puras.
Lá estão as tecituras
de tudo.
Lá se vira em música
a ternura.
Transformer
que ninguém segura
E a carne é fraca.
E a carne é dura.
E desfilam os versos
que perduram.
Amam.
Curam.
Puros e perversos
se situam.