Tão triste

Tenho na alma feridas

Que por vezes inflamam suas insanidades

Tenho no coração cicatrizes

Que quase sempre reabrem e me consomem como um furacão.

Tenho na alma o choro que não dispersa

Um amor que por maior o desgosto não se desfaz

Tenho em mim duas metades que não se entendem

Que implodem seus ais sem quaisquer zelo

E me rasgam a carne, me sangram as dores mais intensas

Tenho, o que deverás nunca tive e ainda assim

Teimo em me queimar no fogo do não E do coexistir

As vezes quero só a calmaria de uma brisa suave

Que apenas apague o que é indescritível

As vezes quero só uma nuvem que preencha-se de mim

E nunca mais me traga de volta

E de certo um suspiro E o nada finalmente acontecer

E a minha poesia há de então morrer.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 09/02/2016
Código do texto: T5538415
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